Vaticano debate OGM
A ocasião para o novo debate será a semana de estudo promovida pela Pontifícia Academia das Ciências sobre "Plantas transgênicas para a segurança alimentar no contexto do desenvolvimento", de 15 a 19 de maio próximo. O encontro será dirigido pelo biólogo e membro dessa academia, Prof. Ingo Potrykus, inventor do "arroz dourado", variedade geneticamente manipulada para conter um suplemento de vitamina A.
Na apresentação de sua palestra, intitulada "As restrições à introdução da biotecnologia para reduzir a pobreza", o Prof. Potrykus escreve que "a biotecnologia das plantas tem um grande potencial para melhorar a vida dos mais pobres".
"Em muitos países, o uso dos OGMs é submetido a controles excessivamente severos e eles sofrem forte pressão por parte da opinião pública. O cientista defende que tais precauções − que ele considera extremas − são burocráticas e carecem de fundamentos científicos.
O encontro no Vaticano "não será apenas um congresso científico, mas uma ocasião para ilustrar o potencial da engenharia genética das plantas e sensibilizar sobre a necessidade de mudar as atitudes e a mentalidade da sociedade e dos legisladores" – afirma o cientista.
Todavia, o ceticismo em relação aos OGMs é forte também dentro da Igreja, e provém, sobretudo, dos países onde a sua introdução é propagada como a solução aos problemas da subalimentação e do desenvolvimento. Uma prova disso é o documento preparatório à próxima Assembleia Especial para a África, do Sínodo dos Bispos, marcada para outubro, no Vaticano. "A técnica dos OGMs – diz o documento oficial, apresentado por Bento XVI aos africanos em sua recente viagem à África – ameaça os pequenos agricultores, suprimindo seus cultivos tradicionais e tornando-os dependentes de empresas produtoras de OGMs."
A essa crítica soma-se a condenação às multinacionais que "continuam a invadir gradualmente o continente, para se apropriar dos recursos naturais, adquirindo milhares de hectares e expropriando as populações locais, danificando o meio ambiente e a Criação".
O Instrumentum Laboris da assembleia sinodal recorda aos padres sinodais os verdadeiros problemas dos agricultores: a falta de terras cultiváveis, de água e eletricidade, de mercados locais, de crédito, formação e infraestruturas; e se conclui com a pergunta: "Podemos ficar indiferentes diante disso?"
http://www.oecumene.radiovaticana.org/bra/Articolo.asp?c=282363