Milho GM cresce em Portugal - Notícia CM
Em dois anos, Portugal aumentou a área de cultivo de milho transgénico em 600 por cento, representando actualmente cerca de 4500 hectares. De acordo com os dados da Associação Europeia de Bioindústrias (EuropaBio), Portugal é o quarto país da Europa com maior área de cultivo destinada a organismos geneticamente modificados (OGM).
Apesar das inúmeras restrições impostas pela União Europeia, os sete países com agricultura geneticamente alterada aumentaram em 77 por cento a sua área de cultivo. Espanha, França e República Checa lideram a tabela com, respectivamente, 75 mil, 21 mil e cinco mil hectares.“É de realçar este crescimento, pois o milho é o único organismo geneticamente modificado nos mercados europeus”, afirmou Johan Vanhemelrijck, secretário-geral da EuropaBio, reclamando maior abertura por parte de Bruxelas para levantar as restrições existentes: “Os produtores devem poder escolher os produtos que melhor protegem as suas colheitas e aumentam a sua competitividade.”Situação diferente vivem os agricultores norte-americanos, líderes mundiais no cultivo de alimentos geneticamente alterados, onde é possível produzir soja, milho, algodão, canola, abóbora, papaia e alfafa.“Ao contrário da Europa, os EUA não deixaram de investir nestas investigações”, explicou Pedro Fevereiro, do Centro de Informação Biotecnologia, enumerando razões para as restrições ao uso de OGM: “As pessoas têm uma atitude, por princípio, em relação a esta tecnologia, independentemente de todas as explicações que sejam dadas. A grande maioria das justificações nem são de foro científico, mas sim económicas, sociais, políticas e inclusive religiosas. E também dogmáticas, porque já observei situações de ‘não aceito porque não aceito, sou contra e a engenharia genética há-de ser o fim do Mundo’. Estas pessoas esquecem-se, por exemplo, que a produção de insulina é feita através de manipulação genética.”
PRODUTOS RESISTENTES
A produção de OGM na Europa limita-se a uma variedade de milho, que resiste à praga da broca. Pedro Fevereiro esclarece, a propósito, que o milho transgénico apresenta níveis de toxinas muito inferiores à variedade tradicional. “A lagarta que ataca o milho é devastadora. As galerias que se formam ficam infestadas por um fungo que produz toxinas, essas sim muito prejudiciais à saúde humana”, referiu o especialista, argumentando que os estudos realizados até ao momento demonstram que “em Portugal, os OGM são benéficos para a qualidade do produto e para a competitividade dos agricultores”.
INVESTIMENTO DE CEM MILHÕES DE EUROS
A investigação científica nesta área da engenharia genética tem custos elevados. O processo de desenvolvimento de um organismo geneticamente modificado (OGM) pode implicar um investimento superior a cem milhões de euros, demorando uma década até chegar ao mercado. Muitos comparam o desenvolvimento de um OGM à criação de um medicamento, tendo em conta a duração do processo. Ao longo da década, percorrem-se cinco etapas: descoberta do gene e identificação da ameaça; demonstração do conceito; primeiros desenvolvimentos; desenvolvimentos finais e regulamentação. Em média, cada fase dura entre um a dois anos, sendo necessários investimentos na ordem dos dois a cinco milhões de euros para a primeira, cinco a dez na segunda, dez a 15 na terceira, 15 a 30 na quarta, e 20 a 40 milhões de euros na última.
Notícia Correio da Manhã. Pode encontrar mais informação em:
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